Assembleia de Freguesia
19 Maio 06
- Ordem de Trabalhos -
Ponto 6.
Apresentação, discussão e votação da proposta
de Alteração do Regulamento dos Cemitérios
de Rio Tinto
e respectiva tabela de taxas.
junta de freguesia de rio tinto
Ponto 6.
Apresentação, discussão e votação da proposta
de Alteração do Regulamento dos Cemitérios
de Rio Tinto
e respectiva tabela de taxas.
junta de freguesia de rio tinto
O primeiro passo que procuro dar quando se torna claro dentro de mim o vou-lhe escrever é dotar o espaço da escrita de boa base, boa tinta e boa melodia só para garantir ar entre as linhas e letra espelho fiel de emoções.
O tempo acabou de passar pelas duas da manhã e Vivaldi permanece comigo na noite da Assembleia.
Escrevo-lhe, olhe!, pedaço da minha solitariedade, pedaço partilha do mundo que encontrei hoje à noite por Rio Tinto.
Tropecei, palavra, num burburinho.
Uma agitação feita de vida própria.
Pelo caminho até à Junta a música nos carros era acompanhada a voz desafinada,
três representantes de três décadas de mulheres agitavam-se em exercícios pós jantar,
dos cafés as gargalhadas e as conversas em volume entusiasta,
nos passeios os namoros de preciosa adolescência,
pelas ruas as conversas que não deixam ninguém entrar nos carros
ou aquelas que ainda nos arrastam à soleira de uma porta.
Era aquele arrastar feito de vontade de permanecer. Olhe, como Espanca diria, uma languidez com sabor a Alentejo. Como se a crise fosse conceito fruto de ger(i)minação lá daqueles senhores que vão à televisão.
Foi este burburinho, a dançar por dentro, que me apressou as pernas ao dobrar as escadas que dão acesso ao palco privilegiado de intervenções.
Percebo que fui à Junta para acreditar, mais uma vez, na parte da comunidade onde vivo que, afinal, ainda se importa. Parte carimbada, porém, continua a encontrar mais dignidade na compra de um pedaço de terra do que na conquista do seu tão aclamado pedaço no céu. E parte apenas descarrega o peso que lhe vai no peito em praça pública. Descobrirão, a seu tempo, que correr pela Avenida da Conduta à tardinha, a essa hora dos mágicos cansaços,
pode ser o leve sustentável que Kundera nunca encontrou.
O carimbo das carcaças foi justamente aprovado.Quero agradecer-lhe porque hoje ofereceu-me o descanso que só encontro na certeza que o futuro dirá quem eram, afinal, os abutres.
O espaço que a morte ocupa reduz-se, finalmente, ao seu mínimo dano colateral.
O da lembrança.
O génio embala-me em cordas pelo fim do Verão. Ouço Presto.
E fixo para mim as imagens que colhi hoje pela nossa terra.
Percebi claramente o que sentiu quem apreendeu um dia que Rio Tinto Acolhe.
Também eu lhe vi a generosidade.
Peço-lhe, portanto que venha de lá essa vida.
Essa tão genuína Languidez.
É com ela afinal que vivemos,
que varremos e,
quer parecer ao pedaço parte de mim,
que votamos.
Sem formalidade possível, estimo continuação de bom trabalho.
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