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Aqui só tu tens segredos.

31.7.06


I´m the keeper of fragile things
and I have kept of you what is indisolvabel.

Foi assim, num impulso, que me percebi olhar a Sul e chamar por ti.Não foi há mais de um mês que me saltou às mãos um caderno empoeirado com letra antiga, repleto de pensares e dizeres dedicados a ti e a isso que me fazias pensar e dizer.
Li, como quem lembra com vontade de voltar a viver e fiquei absorta na mulher que ali encontrei. Bom, na menina que ali encontrei. Na ingenuidade em que só eu por vezes embalo o mundo, as conquistas e os grandes feitos históricos. O tom era de declarada ausência. Dessa que ainda hoje me põe a escrever.

Tudo aquilo que pensei ter perdido tino e pousio apareceu assim, em louvada arrumação, como guardião de uma história que conto vezes sem conta porque preciso de a lembrar, de a acreditar, de a afirmar.
Aconteceu sim. E aconteceu-me a mim.

Quando cheguei ao fim do caderno encontrei em arquivo de contra capa os teus números de telefone, de telemóvel, os teus endereços de e’mail e mais um quanto de tudo que não queria perder de ti.
Essencialmente o rasto.
Ali,
assim,
em sequência alinhada e informativa que me reduziu a pó, a cinza e a nada.

Uma amiga mais esotérica lançou-me na escada

Espera, isso assim pode ser um sinal.
Perdida como só eu ando, à procura do nome das ruas, das caras e das formas de vida deixei a esoteria subir-me as pernas, degrau a degrau.

Seria mesmo um sinal?
Será possível o universo estar dotado de tamanha generosidade?
Será o mundo mesmo mágico?

Podia vangloriar-me em alegretes pinchos de contentação e berrar uma das minhas mais famosas frases “Eu tenho razão!!”.
E só se estivesses perto de mim, só se te encostasses à minha boca é que percebias que a única coisa que berro até se esgotar o ar é ‘eu é que tenho a culpa’...
Sou, hoje em dia, um poço de consciência.
Olha! Fundo.. e só ecos,
frases atiradas ao ar que voltam com uma força imiscível,
ecos a entoarem a mais indigna das verdades...
tenho culpa,
muita culpa,
talvez toda a culpa,
culpa, é minha, da grossa, negra e irreversível culpa.

De todas as fugas seleccionei aquelas que me obrigaram a seguir em frente.
Acordei dos pesadelos sem os contar a ninguém.
E acordei alguns dias a pensar que me tinha apaixonado.
E apaixonei-me, três, quatro, uma vez quinze dias!
Depois era só o desespero de me recusar a acreditar que o corpo humano tolera pouco mais do que um amor por vida.

Ainda hoje não consigo entrar numa livraria sem ver que compilação editaram do teu Gedeão. Recuso-me a abri-la, muito menos a lê-la. Mas sei que continuam a editar vida. Arrumei tão longe o Neruda que nem sei onde está. Com alguma sorte perdeu-se em mudanças. Devia ter emprestado os livros a uma daquelas pessoas que não os devolvem, mas não fui capaz.

Depois de ti passou a haver qualquer coisa no meu corpo que deixou de funcionar, sei lá, como se fosses um acidente de carro, de percurso, de sorte e azar. E, como em todos os acidentes, ninguém consegue fielmente explicar a sequência dos acontecimentos e lhe chama acidente, porque não estava de todo previsto e, se estivesse, teria virado na última esquina que fez a rua dobrar. Baralhas-me, percebes? Ainda hoje me baralhas.

I´m the keeper of fragile things
and I have kept of you what is indisolvabel.

Faltou-me a coragem para te ligar, como me falta coragem para tanta coisa na vida.
Vesti Anais Nin. Virei insana, impulsiva e voadora.
Procurei o número que durante um mês guardei na minha lista, na minha memória.
Senti o mundo ficar suspenso, como se alguém tivesse feito pause no spot publicitário do teu Pierce Brosnan a beber uma cerveja.
A respiração espera e espero eu com ela até aparecer Entregue.
A mensagem foi entregue, o bilhetinho lido, o vento virado.
O teu número ainda existe. Existirás tu com ele?

Continuo a não falar dos meus pesadelos.
Continuo a não querer desses segredos.
Era um sinal sim.
Era sinal de mim.
Assinalava-me que te guardo em permanência na minha memória, nos meus princípios.
Que elevaste a fasquia a um insustentável critério de bom gosto, de atitude e de cumplicidade.
E custa-me perceber como o amor nos oferece estes danos permanentes, esta paralisia irreversível do músculo do peito. Tu foste o amor na minha vida. E não há nada, ou alguém, que o consiga inverter.
Nunca mais voltei a dizer esse nunca.
Amanhã jamais será tarde demais.
Jamais.

Expurgado agora estás no espaço que virtualmente me foi concedido.
A virar ventos, nortadas e maresias.
Como desabafo que deixo no fosso de ideias e desafios que lançávamos em irreversível insensatez.

O vira vento está agora numa janela virada a sul.
Começou há pouco a girar.
Vou perceber a minha resposta.
E vou poder seguir rumo.

posted by SCS
julho 31, 2006

0 bilhetinhos

Order Commander - Gosto Disto -

29.7.06



Ousei parar dez minutos a pensar nisso de viver noutra época.

Noutros ritmos, noutras gentes.

Olhei por cima do ombro dos meus antepassados e percebi que alguns deles tiveram mão nas obras que me deixaram.
Aqui, assim, em jeito de arte de artistas que me chegam até aos dez minutos em que ouso parar para pensar.

E é até elas que vou, My Lord,
em jeito de passeio saltitado,
à procura da tua cara com outro nome, outra vénia, outra história.

Cá fica o meu desafio pio calado.
Ousa...
Atiço-te.
Põe a máscara.
Ou tira.
E anda dançar esta dança toda diferente.




Em Santa Maria da Feira,

Festas Medievais,
por todo o lado
de cada espaço!


Viagem Medieval









Em Montalegre,

Música Celta,
em cada hora que se demora!


CeltiRock



posted by SCS
julho 29, 2006

5 bilhetinhos

mala postal a marco martins, bombeiro.

27.7.06


A morte saiu à rua num dia assim.

Falávamos de cemitérios, caixões, chumbos, campas e jazigos como quem, em tronco nu, vira sardinhas numa grelha.
Tantos cuidados com o assunto - como se fosse palavra que não se pudesse pronunciar sem postura séria e reservada - e percebi que, ao falarmos dos assuntos, conhecemos essa tal postura das pessoas na vida. E na morte.

Eis o problema desse maldito legado católico que nos cobre para nos abafar: se não abordarmos certos assuntos, entramos na via obrigatória de uma falta de postura pessoal e transmissível sobre eles.

Não sei o que fazer com o meu corpo depois da minha morte.
Disse.

Há quem se encolha atrás dos ombros num quero lá saber que não apregoa perseguidas liberdades, só grita inomináveis medos.
Eu quero saber.
Eu quero dizer a quem cá está onde pode sentar-se a conversar comigo.

E agora?
Como manter fidelidade ao meu atípico dramatismo russo?
Onde fica esse cenário de tranquilidade, avassalador em significados, que me irá acolher quando a minha palavra não contar mais para acabar as histórias?

Reconheço um certo simbolismo nisso de se ser enterrado.
Mas o pânico de prisão em espaço fechado, irrespirável e insondável ,não me permite, em coerência, confinar-me a uma caixa negra que pouco terá para explicar dos meus vôos. Ou das minhas quedas.

O Crematório que me reduz afinal a 21gramas parece anunciar-me mais sentidos. Relativiza a passagem ao estado nada e liberta o corpo de todos os seus pesos, demónios e cábulas.

Em monólogo.
Contigo parado, calado, quieto.
Continuei a dizer-te.

Mas, e depois?
Lanço-me ao vento?
Dissolvo-me em água?
Cultivo-me em terra?
Todos abarcam vida que auto se renova.

Mas, sou água, terra ou vento?
O que vem depois do fogo?
Onde me rodeio dos quatro elementos?
Onde encaixo a madeira?
O que faço ao meu sexto sentido?
Aos sete céus que conheço?
Onde guardo as Oito Cartas de Neruda?
Em que verbo se conjugam as 9Razões de Mim?

Vê isso e depois diz-me. Faço com que aconteça. Para meu espanto,
disseste tu.
Como quem despacha um ofício.
Ou como quem compra um sarilho.

Tenho um amigo que foi a Leiria e plantou cem árvores!
Digam o que disserem, é proprietário de um pinhal.
A natureza é para mim conceito tão abstracto como o tempo, ou em que se traduz a noção de 500 mil habitantes, ou ainda a tal manilha do poder.


Encolho-me quando vejo imagens da virilidade que Líbano e Israel têm trocado.
Como quem, em dança de catraios, levanta a camisola e canta o meu umbigo é maior do que o teu. Tão leviano assim.

Percebi que a nossa espécie gosta de chispas, desafios, faúlhas, lutas, discussões, divórcios e guerras. Gostamos de ver o outro cair, desamparado. E fazemos qualquer coisa obstinada para os admirarmos em queda, em puro lamento. Aliás, para provarmos uma postura temos alturas em que só nos contentamos quando ouvimos o nosso próprio corpo acertar
mudo,
em cheio,
numa parede.

E nada de falsas depurações de espécie!
De fundamentalista e louco, todos temos um pouco.
Pertencemos a uma espécie que não deixará de sentir concretização na Inquietude.

Dizem os mais esotéricos que, pela manhã, devemos deixar no mundo um pensamento de generosidade sobre alguém. Hoje, o meu foi de ti.

Estava uma belíssima tarde de Domingo. Tinha acabado de sair de casa
para a ver melhor,
e desces a rua onde moro em azafama de ambulância.
Andavas a salvar vidas, fogos, vigários e famílias.
Parei.
Repito, parei.

Não podia acreditar que existia alguém, que em plena era de guerras,
parasse o que tem na vida,
essencialmente numa belíssima tarde de domingo,
para socorrer homens engasgados,
atropelados,
solitários,
ou repudiados.
Fiquei género incrédula, a exigir clareza na vista,
no centro do peito,
no descrédito onde embalo a nossa espécie.
Não minto no meu espanto.
Só aqui, onde ninguém me vê, confesso:
Perdi a noção do espaço,
como a dos 5oo mil habitantes,
e bati com o corpo mudo no poste do passeio.
Vês?!
Não minto.
Essencialmente no espanto que ainda me faz parar.

Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no universo...

Quase coço a cabeça, como se me pudesse dar tempo, para não ter de te dizer que acho que devemos comprar uma guerra na nossa aldeia.
Devemos inquietar quem passa, bufa, sobrevive, cala, queima e consente.
Quanto mais a crise incendiar economicistas em delírios e cães de caça em desespero, mais anéis penhoramos para podermos bombardear as suas deselegantes assimetrias.

O que te estou a tentar dizer?
Que quero saber.
Será sempre esse o meu maldito fundamentalismo.

Falas com o teu Quartel?
Quero plantar um Pinhal.

E quero dizer em desafio:
queimem quantos quiserem,
seremos sempre melhores a plantá-los.

Quero conhecer o lado certo da História que alguém há-de contar.
Quero mostrar-Lhe o meu umbigo.
Quero ser proprietária,
de uma belíssima tarde de domingo.
Quero depurar-me.
Quero escolher o bem que respiro.


O que fazes com as minhas 21gramas?

luz, vento, chuva e caruma,
em madeira pacientemente renovada,
conceito puro de fotossíntese.

Cá digo!

Enterras debaixo dessa árvore que ainda tenho por plantar,
ao lado do livro que sei, um dia, escrever,
para que o filho, que vou ter, saiba sempre onde se sentar para conversar.

posted by SCS
julho 27, 2006

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Vai lá dar uma espreitinha!

26.7.06




Aqui fica a garrafa onde me encontro em cada estado de espírito.

Absolutamente genial.

posted by SCS
julho 26, 2006

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Louco é quem não entende a Minha Loucura.

24.7.06



Esta Cidade às vezes deixa-me doida, como se andasse a desafiar-me numa pega!


Se tenho dias em que nela me sento lento encolho escrevo, também os tenho em que lhe procuro apenas mais um caminho daqui para fora.

Compro Café e Chá no mesmo lugar desde há vinte anos.
A Casa Christina é uma loja de tradição na Baixa Portuense, mesmo ali no meio de Sá da Bandeira.

Numa das últimas vezes em que lá fui fiquei imperturbável a ler o nome dos países de origem de cada um dos Chás. Como se os lesse pela primeira vez.


Tantas rotas de tanta coisa que já li, vi e fiz na vida e agora sinto-me chegar aquela fase em que quero uma Rota Para Mim.

Lembrei-me que haveria de ser uma viagem fantástica seguir todos os passos à distribuição do Chá que bebo desde menina nas Festas de Família.
Entrar de mochila na Casa Christina, sair-lhe pelos fundos e parar num terreno que desconheço longitude no Srí Lanka.

Um mês, dois ou três!
O tempo que fosse preciso até tocar todas as mãos que o trazem até aqui,
até uma caneca vermelha ao lado do meu caderno.


As minhas acabaram de se sentir tocadas…

posted by SCS
julho 24, 2006

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Aqui só tu tens segredos!

23.7.06



A Revolução Industrial fará sentido para mim quando, e apenas quando, o conceito teletransporte passar a pleno domínio exequível.


Olha..,
é a Patagónia,
Queres?
Queres ir lá comigo?
E achas que podemos fazê-la de mota?


posted by SCS
julho 23, 2006

0 bilhetinhos

Order Commander - Gosto Disto -

21.7.06



O passeio que te vês dar até lá é só por si um crime.

Encontras sons muito próprios
e é imperativo que te concentres no conceito absoluto de silêncio para que os consigas identificar.

Depois é fácil.

Descalças-te.
Pensas o mundo pelos pés.

Atinges um lugar de ausência,
de imobilidade total dos maxilares,
por descontração.

Deixas os senhores dos instrumentos expurgarem-se em ritmo próprio.
E vês a tua cabeça sonhar.

Tão fácil assim.


No Porto,
Jazz no Parque em Serralves!

22 JULHO 2006
Sábado, 18h00

QUINTETO DE NELSON CASCAIS
Pedro Moreira (sax)
André Fernandes (guitarra)
Jesse Chandler (teclados)
Bruno Pedrosa (bateria)
Nelson Cascais (contrabaixo)




Em Lisboa,

Um terraço.


A partir das 18:00
no Jardim 9 de Abril,

na Rua das Janelas Verdes,
mesmo ao lado do Museu de Arte Antiga.






posted by SCS
julho 21, 2006

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mala postal a conceição loureiro, autarca.

19.7.06




Assembleia de Freguesia
19 Maio 06
- Ordem de Trabalhos -
Ponto 6.
Apresentação, discussão e votação da proposta
de
Alteração do Regulamento dos Cemitérios
de Rio Tinto
e respectiva tabela de taxas.

junta de freguesia de rio tinto




O primeiro passo que procuro dar quando se torna claro dentro de mim o vou-lhe escrever é dotar o espaço da escrita de boa base, boa tinta e boa melodia só para garantir ar entre as linhas e letra espelho fiel de emoções.


O tempo acabou de passar pelas duas da manhã e Vivaldi permanece comigo na noite da Assembleia.
Escrevo-lhe, olhe!, pedaço da minha solitariedade, pedaço partilha do mundo que encontrei hoje à noite por Rio Tinto.

Tropecei, palavra, num burburinho.
Uma agitação feita de vida própria.

Pelo caminho até à Junta a música nos carros era acompanhada a voz desafinada,
três representantes de três décadas de mulheres agitavam-se em exercícios pós jantar,
dos cafés as gargalhadas e as conversas em volume entusiasta,
nos passeios os namoros de preciosa adolescência,
pelas ruas as conversas que não deixam ninguém entrar nos carros
ou aquelas que ainda nos arrastam à soleira de uma porta.


Era aquele arrastar feito de vontade de permanecer. Olhe, como Espanca diria, uma languidez com sabor a Alentejo. Como se a crise fosse conceito fruto de ger(i)minação lá daqueles senhores que vão à televisão.

Foi este burburinho, a dançar por dentro, que me apressou as pernas ao dobrar as escadas que dão acesso ao palco privilegiado de intervenções.
Percebo que fui à Junta para acreditar, mais uma vez, na parte da comunidade onde vivo que, afinal, ainda se importa. Parte carimbada, porém, continua a encontrar mais dignidade na compra de um pedaço de terra do que na conquista do seu tão aclamado pedaço no céu. E parte apenas descarrega o peso que lhe vai no peito em praça pública. Descobrirão, a seu tempo, que correr pela Avenida da Conduta à tardinha, a essa hora dos mágicos cansaços,
pode ser o leve sustentável que Kundera nunca encontrou.

O carimbo das carcaças foi justamente aprovado.
Quero agradecer-lhe porque hoje ofereceu-me o descanso que só encontro na certeza que o futuro dirá quem eram, afinal, os abutres.
O espaço que a morte ocupa reduz-se, finalmente, ao seu mínimo dano colateral.
O da lembrança.

O génio embala-me em cordas pelo fim do Verão. Ouço Presto.
E fixo para mim as imagens que colhi hoje pela nossa terra.
Percebi claramente o que sentiu quem apreendeu um dia que Rio Tinto Acolhe.
Também eu lhe vi a generosidade.

Peço-lhe, portanto que venha de lá essa vida.
Essa tão genuína Languidez.
É com ela afinal que vivemos,
que varremos e,
quer parecer ao pedaço parte de mim,
que votamos.

Sem formalidade possível, estimo continuação de bom trabalho.

posted by SCS
julho 19, 2006

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photo ao 4º em janeiro 2oo6.

17.7.06



Se alguém te perguntasse, dizias que estavas só em indubitável júbilo.



Dás contigo a abanar a tua Saia de Dias Felizes e a catraiar Uh, deixa-me ver esse pescocinho..!
E o pescocinho compareceu passível de ser abordado.

Podes tocar,
podes indagar,
podes cheirar,
podes abocanhar,
podes afagar, morder e beijar.
Olha, podes!
É-te permitido.
A disponibilidade de usufruir daquele desmedido pescoço é-te oferecida em privilégios.
Em prazeres.


É que existe sempre esta barreira intransponível no conceito absoluto dos homens: os pescocinhos nunca estão disponíveis. E este latejava a jugular em disponibilidades.
Pousa-se na nuca, fecha-lhe os olhos e chega-te lá cima num abraço de nobreza. Quase te derrete na boca de tanto mimo, mimo que colhes como quem rouba margaridas e assobia na rua.

Quando abres os olhos em puro deleite de gulodice, de criancice, percebes que por cima desse pescocinho está um homem a tirar uma fotografia a um enquadramento, com a postura corporal de quem sabe que acabou de fazer a melhor foto do rolo.
E a fotografia é a ti.
É a ti!
E agarra-te como se nunca te fosse deixar ir,
sair dali,
da memória.

Se me dedicasse à tamanha provocação de materializar o que dança hoje no meu corpo não iria muito mais longe do que um estado permanente
de dizer-te cantando a toda a gente.

Abaixo todo e qualquer proteccionismo.
Vivo um Super Homem conceptual debaixo da pele que ninguém ousa ripar.
Não deixo.

As calamidades das vidas alheias aparecem agora dotadas de uma merecida insignificância. Até posso confessar que não me lembro da fome no mundo há quatro dias e
há quatro dias não lembro mais quem era, fui,
deixei de ser,
tentei perceber, deixei de querer.

O conceito de enamoramento que me envolve em repetidos privilégios faz-me perceber que provei disso, que me transmutei na raça que observei durante anos, humana.
Não desconheço mais a plenitude de ser só aquilo que sou.
Transbordo.
Bebeste de mim até transbordar,
mordeste-me por dentro e quiseste mais.
Quiseste-me mais.
A mim.
E a dimensão que ‘a mim’ incorpora faz-me sentir atirada ao tecto da Cappella Sistina a ser tocada por deus, por michelangelo, por ti.

Deixaste-me provar o Amor como o embalo para adormecer.
Sorriste aos meus desassossegos como quem acalora acalento.
Brindaste a atitude de ser vista com um tom moreno que não sai mais da pele.
Deixaste-me no corpo uma ginga de mulher,
cheiraste a minha boca como quem chicoteia querer,
agarraste o meu corpo como quem esbanja prazer.


Os meus Quinze Minutos de Fama foram vagueados em sussurros e sorrisos debaixo do teu Sobretudo.
Trago-te na cor de areia de Salamanca onde consagraste ao meu músculo do peito um pedaço leve que enternece. Corcovaste o meio, o eixo, o centro. E dedilhaste o meu Norte para me deixares voltar ao Porto de todos os sentidos como quem passeia pelos Jardins quedos de Kyoto.
Em transparente generosidade.


Adquiri o conhecimento de ter um canto no mundo.
Agora sei que também eu tenho uma parcela de terra pedra que universalmente me foi atribuída. Instigadora.
Quem dança hoje pelo meu corpo és tu.
Irrepreensível.
E digo-te cantado a toda a gente.

posted by SCS
julho 17, 2006

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mala postal a manuel alegre, escritor.

15.7.06


Sótão,
domingo, Outubro de 2oo5.


Tenho aí uma data de coisas para rever, fazer que até me apetecem mas não, ao mesmo tempo.
Estava a ler um livro novo e a minha concentração não foi para além das três primeiras páginas.
Li algo que me estalou a cara, arrastou os olhos.
Cada meia página que se seguia não era completa sem que voltasse à primeira só para poder reler a ideia, a pergunta, a sequência esmagadoramente perigosa que acabei de ler no meu livro novo.
Só ao pensar nela já fico com falta de ar nas frases porque dela devo fugir a 14 pés.

A minha vida está perdida em Singapura. A verdade é que nunca fui a Singapura, não conheço alguém que lá esteja, não é sequer local que me fascine. (...) Será essa a vida perdida? Ou alguém que dentro de uma sala, batendo com os dedos na parede, manda um sinal de Morse que, por qualquer razão misteriosa, se inscreve nesta frase que me persegue? Que vida está perdida em Singapura?

E o chão começou a tremer..
E agora?
Permito-me a completa incongruência de embarcar na Melodia Morse?
Lanço-me a esse tamanho contra-senso, ou entedio-me em racionalizações?
A apetecível bandeira das 9 razões de mim ergue-se a meia haste,
ou levanta-nos o nariz até ao topo?
Outra vez até ao topo..?

Fraqueza ou intrepidez? Escolhe, escolhe sempre uma delas.
Não existe como opção fechar os olhos à espera que ainda não seja desta que tens de escolher, predizer, prepensar.
Optar, preferir, repartir e estar de pé à espera do que vier.

Vais a Singapura lamber dedos que te Morsam há anos,
ou ficas aqui porque é uma tontice isso de existir alguém que te puxa para dentro,
sem que desta vez seja para dentro de ti?

O pior, no teu lúcido juízo, nem sequer é ter esta constante sensação que ainda estás por viver, que estás à distância de um passo dado em certeza, de um arremesso lançado sem queda.
O pior nem sequer é não saber se enquadras essa sensação nos instintos ou nos adquiridos. É só um formigueiro, uma desconfiança, vá!, com ela até podes viver!
O pior é não perceberes muito bem se a tua vida está perdida em Singapura, ou aqui.
Tens um formigueiro que te diz que qualquer coisa que é teu ficou perdido em Singapura, ou então é aqui que andas perdida à procura do nome das ruas, das coisas, das caras.

Baralhas-te.
Tens a sensação que estás a jogar à bisca com dois baralhos e que inutilizas as cartas por questões de sobrevivência.
As espadas, os paus, a palha, a manilha, o ás de ouros.
A força, a inconsciência, as baboseiras que compram tempo, o ciúme, o teu reino.
Tens o teu às de copas guardado no lado esquerdo, mas não sabendo qual é o trunfo arriscaste a perde-lo quando o jogares. Na tua cabeça não faz muito sentido qualquer outro naipe representar o poder na bisca. E então estás a guardá-lo para uma altura que te pareça mais propícia!
Mas a partir do momento em que nem sequer percebes em clareza contra quem estás a jogar, tudo se pode inverter e tu podes nem sequer livrar. Batota é difícil para ti, não sabes como. Bluff impensável, demasiadamente expressiva.

Tens um Rei a brilhar pontos de força e quando fechas os olhos para te lembrares se um às de espadas já saiu, ouves o ritmo dos dedos do teu adversário a bater na mesa, como quem marca quatro tempos, um de cada vez, cheios de tempo, quase como sons secos que chegam a ti como quatro pancadas secas num tambor,
.
ou numa parede em Singapura.

És tu a jogar a tua vida perdida e se calhar por a jogares é que a estás a perder.
Fraqueza ou intrepidez?
Qual escolher?
Até enchia o peito e destrunfava mas, qual o trunfo mesmo?!
Como se joga este jogo?

Pões uma carta na cama e a resposta do outro lado vem em voo, como quem balda num acto a dois dedos de extremo profissionalismo, ou indiferença.
E lá se foi o teu Rei de Espadas, que brilhava sorrisos e promessas em bigodes amarelos.

Já não choro água e sal.
Já não jorro sangue de Tarantino.
Singapura tem muitos quartos por m2 e, segundo soube, todos eles fechados para tortura.
O formigueiro passou.
Bandeira a meia haste.

Sr. Manuel Alegre: estou encurralada num Quadrado e cansada das 9 razões de mim.

posted by SCS
julho 15, 2006

0 bilhetinhos

Dobro de Branco.

12.7.06


.
Quando vens agitado, de pernas impacientes, e te reviras em desculpas como se eu te fosse social.

Ergues muros de mão talhada.

Essa tua incapacidade de exteriorizar inquietações sempre me ofereceu uma neura que remoí por dentro.
E é apenas essa tua incapacidade que remoí, nunca nenhuma das tuas inquietações.

Então desfazes-te em desculpas que me provocavam espasmos de raiva até chegares à conclusão, não sei por quais caminhos, que não devias ter vindo, que te vais embora e que amanhã, ou daqui a um ano, já te sentirás capaz de relatar acontecimentos com a distância emocional necessária para serem coerentes.

Nunca quis esta tua coerência, sou exímia em incongruências, só queria que quisesses estar comigo.
Que conseguisses.
Que estivesses comigo, em amor ou em agonia.
Quando te perdes nos teus marasmos, todos te são descartáveis.
Não quero ser todos.
Pertencer a todos é ser nenhum.
Não quero ser ninguém.


Que leitura me fazias então!?
Mero interlocutor de entretenimento?!
São-me reconhecidas capacidades para te ouvir quatro horas a improvisar o enredo de um filme, criado na cama, depois de me morderes os ombros, a nuca e o cabelo, mas para as tuas inquietações, assunto sério, não me são confinadas capacidades de te ouvir por outras, pelas mesmas, quatro horas?


Não és um cubo mágico que me obriga a agrupar e alinhar cores.
Por algum motivo o que mais gosto de conhecer na tua Pintura é a paleta no final do quadro. Gosto de ver por onde andaste. Gosto de cores que nunca vi, da mistura, de como todas elas se confundem e nunca encontram limites, apenas passagens para outra tonalidade, para outra tendência. Gosto de te ver fugir dos magentas mas a avermelhares-te neles. E quando misturas cores sem pensar e a tendência é um roxo púrpura aparentemente irreversível, só te conseguiria oferecer o dobro de branco, para te tornar mais leve.

Pela minha mão não saem actos de criação, não saem quadros, cores para telas.
Mas sou aficionada em retratos de tudo e qualquer coisa, em traços que se confundem em cores, em riscos e rabiscos que nos confundem com cores.
Gosto de me confundir com eles,
de me fundir neles.
Não és, nem nunca foste, um cubo mágico que tenho de resolver.
Resolve-te tu nesta questão: és-me de dentro e gosto de te ouvir falar, em amor ou agonia.


posted by SCS
julho 12, 2006

1 bilhetinhos

Mona Escrita.

.
Ofereceste-me tintas acrílicas,

giz,
lápis de cera,
aquarelas,
seis crayon's
e tinta da china.
Uma tela quase à nossa medida.

Querias que me deixasse lá e a única coisa que lá te deixei foram as impressões digitais da ponta dos meus cinco dedos, na esperança que nunca esquecesses a curva que a minha mão faz quando se fecha na tua.

posted by SCS
julho 12, 2006

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