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Aqui só tu tens segredos.

12.8.06


Quando obriguei o meu cérebro a ler-me realidade estava sentada a meio do tabuleiro de cima da Ponte D. Luiz.

Estava com a perspectiva das pernas.
Sempre me pautei por vistas longas e elevadas
e desci-me ao nível das pernas.

Momentaneamente, pareciam mais à minha altura.


Num dia em que estava bloqueada lá com uma passagem da Maria Leonor, o meu orientador disse-me

se estás bloqueada com uma personagem, inverte-lhe o foco!
A Maria Leonor está lá parada de mãos nos rins, à espera.
Ok, isso já sabemos!
E o Pasuca? Onde está o Pasuca? De onde a vê?

Estava com a minha Lua bloqueada por Saturno e decidi inverter-lhe o foco.
A Ribeira vista de cima?
Não ficará mais ao nível das nossas pernas?
De como gostamos de andar?
E lá estava ela.
Suspensa.
Por desamarrar.
Quem escreveu o argumento da minha vida era dotado de um amargo sarcasmo, daqueles que nos prendem a língua ao céu da boca até passarem as pontadas.

Aliás toda eu me sinto a ser pontada por sarcasmo. Viva fruta provação da época.

Percebi ontem, se é que dá para acreditar!, que fujo.
Percebi que viro as costas.
Que abandono.
E abandono tudo a meio. Antes sequer de acontecer.
Género entediada porque nada neste mundo surge na minha vida como eu achava que devia surgir. Género catraia desiludida. Género canalha, egoísta.

Não sei quantas vezes será possível ouvir uma música em repet.
Desconheço métodos de contagem.
Desconheço os caminhos
ou a catarse
que encontro nisto de a pôr,
aqui ao lado,
no repet,
a tocar-me.
But if you don´t try, you’ll never know.

Hoje foi diferente. Decidi passar a minha hora de almoço a perceber que consigo identificar o que sinto.
Caladinha, cá dentro.
Dediquei-me a esse exercício de me calar e ouvir.
E percebi claramente para onde o meu corpo está a ser puxado.
Tenho-lhe falta de prática.
Sempre fugi do que me era anunciado em sensações.
E nem tão pouco sei o que lhe fazer!
Tenho anos de experiência comprovada em fugas.
Sou esquiva.
Escorregadia.
Evito assuntos com arte representativa, fujo a respostas com sábia categoria.
Género profissional, com brio, motivação e entrega.
Ora, a cobardia. Um devastador medo que toma
ventos,
vontades
e vaidades.
Que fica comando, tomando tudo aquilo que, pelos vistos, até consigo sentir. Medo de voltar a sentir um outro corpo desfalecer, por desilusão. Em repet.

Hoje subi à ponte para me sentir do tamanho da minha altura.
Como que em perspectiva.
E sinto-me a apavorar, não minto. Tenho pressa de 14 pés.
Tudo está diferente, sim.
Continuo sem saber por onde vou.
Mas, por uma questão de pernas,
não mais por aqui.

Não há nevoeiro, nortada ou cargueiro
que me arranque daqui.
Quem me arranque esta certeza de ti.

posted by SCS
agosto 12, 2006

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Tens de ir lá... é mágico! Ou pelo menos mágicos foram os momenentos lá passados!

beijo.

17/8/06 10:20  
Anonymous Anónimo said...

A Monsaraz fou-me a zumbir...
Mas já não tenho de lá ir para acreditar no meu esfrega artista!

Fiquei com um zumbido do comentário lá de cima.. Ainda não consegui responder-lhe...

Logo, às 18h, entro na Parede. E, à Shrek, vou dizer-te, 'agarreeeei-te!'

Ansiosa.

17/8/06 12:37  

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