Rua do Almada acima.
Rua do Almada abaixo.
Nada.
Da Praça ao Largo. Nada.
Cabeça no alto. Meio da rua. E nada.
Vejo artistas de calçada,
Rua do Almada abaixo.
Nada.
Da Praça ao Largo. Nada.
Cabeça no alto. Meio da rua. E nada.
Vejo artistas de calçada,
encontro amigos que pensava ter perdido.
Livros e Discos brilham Luzes de século XIX.
A vizinha pendura-se na janela a ver quem passa.
Livros e Discos brilham Luzes de século XIX.
A vizinha pendura-se na janela a ver quem passa.
A ver-me a mim,
que passo
como eterna estrangeira na Cidade onde me procuro nas minhas infâncias.
Ou nas tuas.
Não sei.
Ou nas tuas.
Não sei.
para nela me sentar
a lamber-te fachada oitocentista.
Para perceber que energia arrasta a tua história.
Para sentir como te encolheste no Camilo,
ou nas certezas que te calaram quando te estouraram dentro.
Hoje senti que o mundo está ao contrário, Anna.
Muda de humor, calor e pudor consoante a fachada que lhe ofereces em desafios de pega.
Ou então foi só o meu que ficou virado do avesso.
Voltei a apaixonar-me por um homem a quem não vi fachadas.
Desses mesmo,
que nos mudam o humor, o calor e o pudor.
Mas este nosso lado da história nunca ninguém o quer. Afinal prenderam-te para te deter. Apenas porque vivemos desse tamanho contra senso de, ao contrário do resto do mundo, seguirmos o nosso peito sem freio.
Às vezes acho que só o teu Camilo soube raptar mulheres em Portugal. Onde o viste, Anna? Pela calçada? Foi num baile, sei que foi num baile. Mas, o que lhe viste? Não era breve, ameno ou leve. Em quantos textos te leste logo pela manhã? Cheirou-te Anna, determinado. E tu? Contavas as mulheres que por ele foram abandonadas como quem passa círculos de eterno retorno a um terço? Rezavas a quem? Em que deuses te travavas, te perdoavas? Onde te deixou a tua fé? Quanto o amaste tu, Anna? Alguma vez soubeste?
Mas este nosso lado da história nunca ninguém o quer. Afinal prenderam-te para te deter. Apenas porque vivemos desse tamanho contra senso de, ao contrário do resto do mundo, seguirmos o nosso peito sem freio.
Às vezes acho que só o teu Camilo soube raptar mulheres em Portugal. Onde o viste, Anna? Pela calçada? Foi num baile, sei que foi num baile. Mas, o que lhe viste? Não era breve, ameno ou leve. Em quantos textos te leste logo pela manhã? Cheirou-te Anna, determinado. E tu? Contavas as mulheres que por ele foram abandonadas como quem passa círculos de eterno retorno a um terço? Rezavas a quem? Em que deuses te travavas, te perdoavas? Onde te deixou a tua fé? Quanto o amaste tu, Anna? Alguma vez soubeste?
Deixa.
Eu sei.
Do céu, só ameaças.
Ameaça ruir, ameaça rasgar, ameaça enlouquecer-nos.
E dou comigo rua do almada acima,
Do céu, só ameaças.
Ameaça ruir, ameaça rasgar, ameaça enlouquecer-nos.
E dou comigo rua do almada acima,
rua do almada abaixo,
com os meus dez dedos embrulhados
a torcer para que alguém abra de vez a arca
como o noé.
A roupa já colou ao corpo.
Agora, é tarde.
Senti-me apanhada num campo de energia.
A roupa já colou ao corpo.
Agora, é tarde.
Senti-me apanhada num campo de energia.
O corpo a ser puxado.
Levado.
Quase ido.
Ou partido.
Falei entusiasta a uma mesa de pequeno almoço de Sábado.
Quero muito desses Sábados. Desses segredos. Desses teus medos.
Ser amante, ser a outra, ser a mesma.
Quero abandonar esta minha fachada,
Quero muito desses Sábados. Desses segredos. Desses teus medos.
Ser amante, ser a outra, ser a mesma.
Quero abandonar esta minha fachada,
vê-la cair,
azulejo por azulejo,
na calçada onde me sento,
encolho
e te escrevo.
Ser a tinta da china de a(l)quém e de além dor.
Desta vez, Anna,
quero além da dor.
2 Comments:
Muito além. Deixar a dor fugir.
Lá está.
Cumplicidades.
Gosto do teu Sótão.
Vira-me sempre os Ventos.
http://meu-espelho-meu.blogspot.com/
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