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Abri muito a Boca. Crédula.

28.11.06



Estava eu ainda de olhos colados às janelas do Rivoli para perceber o que se passa por ali quando, em meia volta, paro o corpo com o enquadramento que me aparece no chão.

No lugar quadrangular de um dos paralelepípedos cinzentos e lisos que fazem o passeio estava um montinho de terra com um,
apenas um,
amor perfeito.
Se é que dá para acreditar..
Sim, perfeito ao ponto de ser amarelo.
.

.
Cerrei os olhos para ver o melhor porque me senti arrastada num estalo cuidado que se oferece a quem passa,

ou passa sem perceber por onde está a passar.

Haveria melhor resposta do Vira Vento a este meu desencantamento?
Seria alucinação na terra sem razão?
Ou seria o safado do acaso mais uma vez a dar-se em recado?
Até podia ser uma voz sarcástica ao Siza, uma homenagem ao Cesariny ou uma embalagem que não deixou a flor ganhar a sua raiz num qualquer quintal.

Eu parei.
Não encontrei na Física nenhuma explicação.
Nem tão pouco me perdi na sua inquietação.
Senti-me apanhada numa descontextualização sordidamente necessária.

Por vezes é mesmo o acaso dos caminhos que escolho - ou aqueles que gosto quando os percorro - que me levam a tropeçar no amor, que será perfeito, com todos os defeitos que considero necessários à sua sistematização.


De preferência colocado a meus pés, quando ando distraída, de nariz em cima, a caminho de uma qualquer avenida.

.

posted by SCS
novembro 28, 2006