.
Shop – Shop.
Era o som que sentia dentro das minhas botas.
Gosto de um bom dilúvio,
gosto do que nele descubro.
Nem morrinha, aguaceiros, nem molha tolos,
o que eu gosto é de paredes de água a cair de toldos.
Gosto de poças enlameadas.
Gosto daquelas chuvas cerradas.
Gosto dos vidros embaciados,
de lhes deixar os meus dedos marcados.
Gosto de pingas grossas que me acertam no pescoço,
determinadas e cuidadosas.
Gosto de capas impermeáveis e transparentes,
gosto de guarda chuvas com o dobro de dentes.
Gosto até do trânsito lento.
Sempre gostei de corridas contra o tempo.
Gosto de um céu esverdeado,
que nos anuncia um belo tornado.
.
Gosto dos dedos dos pés enrugados,
quando escolho os caminhos alagados.
Gosto de um chão patinhado.
Gosto de um puzzle molhado.
Gosto de me pôr debaixo das caleiras,
da sensação de chegar ao Sótão e trocar de meias.
Gosto daquelas mulheres da publicidade da Segafredo,
gosto do que me sussurram em segredo.
Foi com uma delas que me sentei a fazer
apenas isso de ver chover.
Gosto de um bom dilúvio para me lavar,
para aprender, mais uma vez, a andar.
.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home