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"desenho palavras crepusculares que não acredito tenha ouvido alguma vez. a minha agenda, prima afastada e snob de moleskynes, não guarda rabiscos, antes filtra estúpida e friamente as emoções em caracteres normalizados. de tal modo que ao olhar para estas palavras assim alinhadas me parece torpe o fingimento do lcd. pensei em tempos que apenas a escrita nos poderia salvar do silêncio. escrever e ler. precisamente nesta ordem, porque se nos atrevermos ao contrário caimos na mão dos escritores que nos couberam quantas vezes pelo acaso. ainda agora, quando seguia baudelaire e mallarmé me achei prisioneiro de corbière. e é o maldito que dita quase tudo o que vem depois. pelas páginas fora e até pelos sonhos. esta noite sonhei que estava travestido como tristan corbière numa fotografia que vi não sei onde. e se não lermos? e se formos, agora e sempre, uma furiosa máquina de escrever, diabólica e obsessiva, que tão somente debita caracteres à procura da combinação mágica que nos devolve a paz dos primeiros passos depois da fronteira?".
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