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A noite passada acordei com o teu beijo,
descias o Douro e eu fui esperar-te ao Tejo.
Vinhas numa barca que não vi passar,
corri pela margem até à beira do mar,
até que te vi num castelo de areia,
cantavas sou gaivota e fui sereia.
Ri-me de ti então porque não voas?
e então tu olhaste,
depois sorriste..
abriste a janela e voaste!
A noite passada fui passear no mar,
a viola irmã cuidou de me arrastar.
Chegado ao mar alto abriu-se em dois o mundo,
olhei para baixo dormias lá no fundo,
faltou-me o pé senti que me afundava,
por entre as algas teu cabelo boiava.
A lua cheia escureceu nas águas.
e então falámos,
e então dissemos..
aqui vivemos muitos anos!
A noite passada um paredão ruiu,
pela fresta aberta o meu peito fugiu.
Estavas do outro lado a tricotar janelas,
vias-me em segredo ao debruçar-te nelas,
cheguei-me a ti disse baixinho olá,
toquei-te no ombro e a marca ficou lá.
O sol inteiro caiu entre os montes.
e então olhaste,
depois sorriste..
disseste ainda bem que voltaste.
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