Terás sempre Ítaca no teu espírito, que lá chegar é o teu destino último. Mas não te apresses nunca na viagem. É melhor que ela dure muitos anos, que sejas velho já ao ancorar na ilha, rico do que foi teu pelo caminho, e sem esperar que Ítaca te dê riquezas. Ítaca deu-te essa viagem esplêndida. Sem Ítaca, não terias partido. Mas Ítaca não tem mais nada para dar-te. Por pobre que a descubras, Ítaca não te traiu. Sábio como és agora, senhor de tanta experiência, terás compreendido o sentido de Ítaca.
Cavafy.
Li isto há anos! Foi um poeta por quem um dia me apaixonei que, em plena troca literária, me pôs dias a perspectivar a vida, os enlaces e as conquistas pelo texto.
Foi muito bom procurá-lo hoje nos papéis, nos passados, nas perspectivas.
Sem Ítaca, sei que não teria partido.
Da paixão guardo imagens de memória, como se fossem fotografias a preto e prata com lente desfocada. Do poeta, nada sei. Mas qualquer coisa ficou, sob a forma escrita, que se vinculou à eternidade...
Sempre foi para mim um marco, essa busca por Ítaca, os dez anos que Ulisses levou para chegar lá, sem jamais desistir. Dois poemas deram origem ao nome do blog; um deles é o de Konstantinus Kafavis, o outro é de Manuel Alegre:
Não vale a pena suportar tanto castigo. Procuras Ítaca. Mas só há esse procurar. Onde quer que te encontres está contigo dentro de ti, em casa na distância, onde quer que procures há outro mar Ítaca é a tua própria errância.
Acho que os dois querem dizer a mesma coisa, não é? Tudo não vai além da procura por um caminho de volta para casa. Por isso partimos, para poder voltar algum dia.
Fico feliz que tenhas encontrado o texto e remexido teus guardados :)
Sou contra. Por interesses econômicos e para difundir o idioma? Ajudar aos menos favorecidos para que tenham acesso à educação? Não me parece argumentação suficiente para que cortemos um elo histórico e emocional com nossa língua materna. E que obstáculos são esses entre os países de língua portuguesa? Basta observar aqui, nós duas, não houve barreiras para que nos comunicássemos com clareza. Além do mais, não haveria unificação, de fato. Haja vista todas as variantes que continuarão a existir. Poderia escrever ainda muito mais, mas acho que já ultrapassei a cota :) E tu, o que pensas?
O Vira Vento preza pela reflexão e pelo bom senso. Como tal, desde que respeitados preceitos, a questão da quota não encontra espaço limite.
Não tenho ainda uma opinião completamente vinculada.
Guardo saudade ao romantismo que encontro nas palavras escritas em Português ido. Mas não sou resistente à mudança, a qualquer mudança. Uma questão de princípio.
Ando a recolher informação para uma postura esclarecida. Quando a formular, partilhada será.
Fico feliz e grata que aqui não se tenha estabelecido uma cota :)
Também a mim agradam as mudanças. Meu primeiro movimento é de aceitação, quase sempre :)
Só penso que há outras coisas mais urgentes a serem corrigidas. Há distâncias gigantescas que palavras não irão cobrir.
Que sejam educados, pois, os povos lusofônicos para que haja entre eles maior interação cultural. Para isso a barreira do idioma terá pouca influência; afinal, quando queremos, aprendemos até a ler em grego.
8 Comments:
O privilégio é todo meu, por estar aqui :)))))
Terás sempre Ítaca no teu espírito, que lá chegar é o teu destino último.
Mas não te apresses nunca na viagem.
É melhor que ela dure muitos anos, que sejas velho já ao ancorar na ilha, rico do que foi teu pelo caminho, e sem esperar que Ítaca te dê riquezas.
Ítaca deu-te essa viagem esplêndida.
Sem Ítaca, não terias partido.
Mas Ítaca não tem mais nada para dar-te.
Por pobre que a descubras, Ítaca não te traiu.
Sábio como és agora,
senhor de tanta experiência,
terás compreendido o sentido de Ítaca.
Cavafy.
Li isto há anos!
Foi um poeta por quem um dia me apaixonei que, em plena troca literária, me pôs dias a perspectivar a vida, os enlaces e as conquistas pelo texto.
Foi muito bom procurá-lo hoje nos papéis,
nos passados,
nas perspectivas.
Sem Ítaca, sei que não teria partido.
Da paixão guardo imagens de memória, como se fossem fotografias a preto e prata com lente desfocada.
Do poeta, nada sei.
Mas qualquer coisa ficou, sob a forma escrita, que se vinculou à eternidade...
Sempre foi para mim um marco, essa busca por Ítaca, os dez anos que Ulisses levou para chegar lá, sem jamais desistir.
Dois poemas deram origem ao nome do blog; um deles é o de Konstantinus Kafavis, o outro é de Manuel Alegre:
Não vale a pena suportar tanto castigo.
Procuras Ítaca. Mas só há esse procurar.
Onde quer que te encontres está contigo
dentro de ti, em casa na distância,
onde quer que procures há outro mar
Ítaca é a tua própria errância.
Acho que os dois querem dizer a mesma coisa, não é?
Tudo não vai além da procura por um caminho de volta para casa. Por isso partimos, para poder voltar algum dia.
Fico feliz que tenhas encontrado o texto e remexido teus guardados :)
Tens opinião formada sobre o acordo ortográfico para a Língua Portuguesa a entrar em vigor em Janeiro de 2oo9?
Sou contra.
Por interesses econômicos e para difundir o idioma? Ajudar aos menos favorecidos para que tenham acesso à educação? Não me parece argumentação suficiente para que cortemos um elo histórico e emocional com nossa língua materna.
E que obstáculos são esses entre os países de língua portuguesa? Basta observar aqui, nós duas, não houve barreiras para que nos comunicássemos com clareza.
Além do mais, não haveria unificação, de fato. Haja vista todas as variantes que continuarão a existir.
Poderia escrever ainda muito mais, mas acho que já ultrapassei a cota :)
E tu, o que pensas?
O Vira Vento preza pela reflexão e pelo bom senso.
Como tal, desde que respeitados preceitos, a questão da quota não encontra espaço limite.
Não tenho ainda uma opinião completamente vinculada.
Guardo saudade ao romantismo que encontro nas palavras escritas em Português ido.
Mas não sou resistente à mudança, a qualquer mudança.
Uma questão de princípio.
Ando a recolher informação para uma postura esclarecida.
Quando a formular, partilhada será.
Obrigada *
Fico feliz e grata que aqui não se tenha estabelecido uma cota :)
Também a mim agradam as mudanças. Meu primeiro movimento é de aceitação, quase sempre :)
Só penso que há outras coisas mais urgentes a serem corrigidas. Há distâncias gigantescas que palavras não irão cobrir.
Que sejam educados, pois, os povos lusofônicos para que haja entre eles maior interação cultural. Para isso a barreira do idioma terá pouca influência; afinal, quando queremos, aprendemos até a ler em grego.
Eu que agradeço.
Boa perspectiva!
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