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Coloca-se um casal, não interessa qual, mas coloca-se à janela para que assistam ao que se passa do lado de fora.
Reparam num homem elegante de fato e gravata, sozinho de olhar perdido; passa uma mulher elegante e cruzam olhares, olhando-se de cima a baixo. Notam nas etiquetas de fato alugado que cada um traz consigo e saem dali.
Reparam nos velhos casmurros que mostram a casmurrice de forma alternada, casmurros que são.
Reparam num casal que atravessa a estrada de forma casual, no camião TIR que desgovernado ao fundo da rua, não trava. Notam o olhar perdido do casal no momento antes de ser atropelado pelo camião. Olham um para o outro, o casal da rua, e são calcados pelo camião.
O casal acomodado à janela assusta-se e olham um para o outro. Reparam nas enormes marcas de pneu que cada um tem na cara. Os corpos da espessura do papel. Tal e qual duas folhas caminham trôpegos para a cama. Deitam-se, cobrem-se com os cobertores e ficam como que invisíveis de tão pouca espessura que têm.
Um homem entra no quarto, fecha a janela e deita-se em cima da mulher não dando conta e adormece. Eles incomodados, o homem mais feliz do que nunca.
nuno preto
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19 a 24 Jan
porto, sala estúdio latino
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porto, sala estúdio latino
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