<meta name='google-adsense-platform-account' content='ca-host-pub-1556223355139109'/> <meta name='google-adsense-platform-domain' content='blogspot.com'/> <!-- --><style type="text/css">@import url(//www.blogger.com/static/v1/v-css/navbar/3334278262-classic.css); div.b-mobile {display:none;} </style> </head><body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d31012094\x26blogName\x3d\x27\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLUE\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://viravento.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttps://viravento.blogspot.com/\x26vt\x3d-7147497518184499159', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe", messageHandlersFilter: gapi.iframes.CROSS_ORIGIN_IFRAMES_FILTER, messageHandlers: { 'blogger-ping': function() {} } }); } }); </script>

Order Commander - Gosto Disto -

31.8.06



Como acho que os problemas de (des)encontros estabelecem, hoje em dia, uma estreita relação com o urbanismo, insinuo imenso verde.

Sem silêncios!

Ousa gargalhar, piar, pousar e murmurar.
Ousa parar de pensar.
Muito bom isso de não ter de pensar.


Neste Sábado, veste Camilo e rapta alguém.




posted by SCS
agosto 31, 2006

0 bilhetinhos

Foto ao 30 de Agosto.

De manhã, já estava a meio das escadas e voltei atrás.
Voltei a meter o Zaratustra na carteira.

Impera niilismo.

Por paralelismo.

Ou impermanência.

Em transparência.

a fé é querer ignorar tudo aquilo que é verdade

Tenho dias em que quero.

Outros em que não permito.

posted by SCS
agosto 31, 2006

2 bilhetinhos

Mala Postal a Anna Placido, Amante.

30.8.06


Rua do Almada acima.
Rua do Almada abaixo.
Nada.

Da Praça ao Largo. Nada.
Cabeça no alto. Meio da rua. E nada.
Vejo artistas de calçada,
encontro amigos que pensava ter perdido.
Livros e Discos brilham Luzes de século XIX.

A vizinha pendura-se na janela a ver quem passa.
A ver-me a mim,
que passo
como eterna estrangeira na Cidade onde me procuro nas minhas infâncias.
Ou nas tuas.
Não sei.

Queria muito saber qual foi a soleira da tua porta
para nela me sentar
a lamber-te fachada oitocentista.
Para perceber que energia arrasta a tua história.
Para sentir como te encolheste no Camilo,
ou nas certezas que te calaram quando te estouraram dentro.


Hoje senti que o mundo está ao contrário, Anna.
Muda de humor, calor e pudor consoante a fachada que lhe ofereces em desafios de pega.
Ou então foi só o meu que ficou virado do avesso.
Voltei a apaixonar-me por um homem a quem não vi fachadas.
Desses mesmo,
que nos mudam o humor, o calor e o pudor.

Mas este nosso lado da história nunca ninguém o quer. Afinal prenderam-te para te deter. Apenas porque vivemos desse tamanho contra senso de, ao contrário do resto do mundo, seguirmos o nosso peito sem freio.

Às vezes acho que só o teu Camilo soube raptar mulheres em Portugal. Onde o viste, Anna? Pela calçada? Foi num baile, sei que foi num baile. Mas, o que lhe viste? Não era breve, ameno ou leve. Em quantos textos te leste logo pela manhã? Cheirou-te Anna, determinado. E tu? Contavas as mulheres que por ele foram abandonadas como quem passa círculos de eterno retorno a um terço? Rezavas a quem? Em que deuses te travavas, te perdoavas? Onde te deixou a tua fé? Quanto o amaste tu, Anna? Alguma vez soubeste?
Deixa.
Eu sei.

Do céu, só ameaças.
Ameaça ruir, ameaça rasgar, ameaça enlouquecer-nos.
E dou comigo rua do almada acima,
rua do almada abaixo,
com os meus dez dedos embrulhados
a torcer para que alguém abra de vez a arca
como o noé.

A roupa já colou ao corpo.
Agora, é tarde.
Senti-me apanhada num campo de energia.
O corpo a ser puxado.
Levado.
Quase ido.
Ou partido.
Falei entusiasta a uma mesa de pequeno almoço de Sábado.
Quero muito desses Sábados. Desses segredos. Desses teus medos.
Ser amante, ser a outra, ser a mesma.
Quero abandonar esta minha fachada,
vê-la cair,
azulejo por azulejo,
na calçada onde me sento,
encolho
e te escrevo.
Ser a tinta da china de a(l)quém e de além dor.
Desta vez, Anna,
quero além da dor.

posted by SCS
agosto 30, 2006

2 bilhetinhos

Segunda. 28.

29.8.06



Lá está. Percebo.

posted by SCS
agosto 29, 2006

2 bilhetinhos

Domingo. 27.

28.8.06



O rádio transistor avariou.

Sem blues, sem tu's.





Evito-me.

posted by SCS
agosto 28, 2006

2 bilhetinhos

Em negativo fica o 26 de Agosto.

27.8.06


Duas da tarde.
Lembro-me de estar à janela do sótão a olhar a luz. Senti que existe um Sol que só pertence a Sábado.
Vestido branco é a única peça de roupa que utilizo quando quero sair para brincar. É hoje, Serralves é hoje.
E foi.

Repito.
O caminho que te vês a fazer até lá é, só por si, um crime.
Gosto de ouvir a cidade a falar noutras línguas. Está calma e esticada, cheia de tempo para tudo. Está de férias.

Depois encontras-te naquela generosidade do Siza.
É qualquer coisa que há nele de perceber um espaço e de o integrar. Ou de o deixar estar lá, como se não estivesse.

Não levanta paredes, explica-te a vida através delas.
Abre-te uma janela ao fundo de um corredor que quase juras que afunila até cima, de forma a perceberes o mais básico dos passos: só cresces a andar. Quando te sentes a acelerar pernas, porque te vês preso num caminho de um só sentido, é garantido que te rasga uma janela de vista larga, numa parede tão alta que a nuca não consegue vergar num só movimento até nomear o topo.

Gosto da forma como sou tratada pelo Siza.
Gosto de pessoas que sabem muito mais da vida do que eu e me a ensinam assim, com dose igual de franqueza e afago.
Ético. Astuto. Cordato. Aparece nas passagens e sai de cena, como quem murmura
.
vá, agora aprende com esses.

E esses têm sempre horas de Trabalho para partilhar,
para te atreveres a perceber,
para quereres crescer.

A minha cidade tem um Museu de Arte Contemporânea.
Gosto destes palcos de intervenção.
Dedos de deuses assim, a gosto de roto e nu.

As peças que vão a cena nos mais distintos Museus do Mundo vêm sempre cá passar. Vil privilégio este, o de saber esperar.
E, se esperas em corredores esguios, tens como certeza adquirida que a janela que se abre rasga dentro todas as hipnoses que te ensarilham.

O ensinamento, que hoje trago pelo peito, vem de uma Mulher.
Que abandonou Hamburg para crescer em Caracas. Género andorinha migratória que procura uma quebra de tecto com vista longa e elevada para encolher e aninhar.

Trabalhou tão simplesmente arame,
porcas
e parafusos.

Conheci mais uma mulher para quem não existem espaços fechados. Não lhe vi um único limite, apenas capacidade intelectual para conferir uma sustentável leveza a cada importunável eterno retorno.
Conheci o puzzle que resolveu na vida. Obstinada.
A lição que lhe trago estudada, em horas de observação, prende-se com a capacidade de nunca negligenciarmos características próprias quando perdidas pelos ermos atalhos de um labirinto.
Leve, conheci uma mulher muito leve.
Quando se tem o poder de interpelar, não se pode perder o centro. Dele depende o equilíbrio.
Tão simples assim! Resolves as tuas questões em geometria que se descreve por arame sem nunca perder a capacidade de dançar com uma corrente de vento.

Como dizê-lo de outra forma!?
Despe-te de teorizações e lança-te no absoluto do experimentalismo.
Atreve-te.
Vê cada peça por si só.
Pensa-a no todo complexo e desloca o teu corpo pelo espaço. É importantíssimo que te laves de condutas de prostituição social e te desloques no espaço.
Encolhe-te.
Aninha-te.
Gira em torno delas,
com elas,
permite-te à percepção do efeito visual
ou nunca lhes conhecerás a profundidade.
Dança as voltas necessárias.
Mas não venhas embora sem ver tudo aquilo que eu vi.

Gego.
É o nome da Mulher que mudou a perspectiva que ainda ontem tinha desta vida que me anda a viver.
O Vira Vento gira desde duas horas atrás. Sem descanso.
Na janela virada a norte.
Vale o que vale, bem sei.
Mas aquilo que me trouxe hoje foram Sopros. De Mudança.

posted by SCS
agosto 27, 2006

0 bilhetinhos

Clap da Manual a 25 Agosto.

25.8.06



Uma vez contaram-me uma história sobre um senhor que saía para passear o cão e o periquito e hoje vi um!! Mesmo ali na Rua Formosa, a passar pela casa das guitarras e baterias.
Trela nos dois. Uma no pulso, outra no bolso da camisa. E um ar de ausência acompanhada que só tem quem passeia com alguém.

Achei admirável.
A relação que se encontra com bichos com quem não são precisas muitas palavras, ou então onde todas são permitidas, sempre foi assunto que me fascinou.

Essencialmente quando me lembro que
as palavras são pedras.
Que atrapalham, ou vinculam.
Que te esmagam ou encaminham.


Há qualquer coisa muito séria nisso das palavras que nos saem pela boca fora.
E, às vezes, são mesmo apenas palavras que nos saem pela boca fora.
Não são pedras de calçada, nem tão pouco pedras no charco. São palavras e, ao que parece, cospem muito mais do que dizem.

Olha, como estas, que cuspo aqui. Dou comigo ao jogar ao Jogo do Vale Tudo e a ver mais do que ilusão para lá do que se lê. Conheço os recantos da minha realidade paralela e tenho dias em que só ela me leva para um lugar do mágico e do nunca.

Hoje o dia é de pedra na janela.
Gosto muito de relações de palavras.
De bilhetes, de mensagens, de cartas.
Mas gostar, gostar, gosto daquelas que dizes mesmo aqui, sem trelas, a passear pelo meu ombro, ou pelo ritmo das minhas pernas.
Essas que te atrapalham, mas que vinculam ausência a todos os meus passeios.

posted by SCS
agosto 25, 2006

2 bilhetinhos

Abri muito a Boca. Incrédula.

24.8.06



Sabes bem como funciona!
Começas com uma palavra.
Às vezes nem uma palavra, mas a ideia. Começas com uma ideia.
E ficas com ela! A conhecer-lhe todos os ângulos.
Qual Lua suspensa em cordas de Quatro Estações.

O teu corpo está em aflito vértice
e puxa-te a conhecer tanto mais de ti
que ousas chamar,
perspectivar,
embalar,
enternecer
e querer poder.


Onde me mordo, onde me penso, onde me imobilizo.
Onde me gosto, onde me sonho, onde me credito.

E, à medida que o tempo vai crescendo, começas a lembrar tudo que tanto quiseste conhecer, como se fosses um self paparazzi e guardasses momentos da tua vida em capa de Life.
Assim cheguei aos Trinta.
A lembrar partes da minha vida
dignas de capa de revista.
.

Setembro. 1970.

posted by SCS
agosto 24, 2006

1 bilhetinhos

I

Setembro. 1938.

Setembro.1945.

Setembro. 1941.

Setembro. 1962.

Setembro. 1940.

Setembro. 1943.

posted by SCS
agosto 24, 2006

2 bilhetinhos

II


Setembro. 1956.

Setembro. 1971.


Setembo. 1946.


Setembro. 1967.

Setembro. 1948.


Setembro. 1952.


Setembro. 1946.


Setembro. 1951.

posted by SCS
agosto 24, 2006

0 bilhetinhos

Louco é quem não entende a Minha Loucura.

Não fazes ideia quanto gostava eu de ter uma Furgoneta de Cargas e Descargas.

Gostava de me cansar.
Andar por aí o dia inteiro a levar coisas a pessoas que precisassem mesmo delas.
Carregava e descarregava.
Despedia-me com um aceno que levasse a mão acima da cabeça.
Subia ao volante, acendia cigarro e pousava cotovelo na janela pronta a seguir andarilho.
O ar chegaria à indiferença!
Poder, força física e dever cumprido fariam olhar o retrovisor como quem anda à procura de alguma coisa que carregou sem querer. Sem saber.


Não fazes ideia quanto gostava eu de ter uma Furgoneta de Cargas e Descargas.
Para um dia poder acordar nela.
Em Praga.

posted by SCS
agosto 24, 2006

0 bilhetinhos

Setembro. 1946.

23.8.06


Ao domingo à noite costumo ouvir no rádio transistor que levo para a Apúlia, o tal das sintonias precárias, um programa de rádio com sequências ininterruptas de blues.
Nunca me canso de os ouvir.
Tenho alguns cd's que me elevariam ao ambiente, mas não perco aquele suspense da próxima música.

Entro em New York, anos 40.

Os Club's estavam no fundo de escadas de apetecível manha.
Os homens usavam chapéu e fumar tinha travo de corte.
Foi onde comecei a descobrir benefícios a isso do whisky, numa conversa a dois pela noite fora. Ou dentro. Não sei.

Sei que as mulheres usavam pérolas.
Como o colar que ali tenho da minha mãe.


Louis Armstrong e
Billie Holiday.

Em Setembro de 1946
deram um concerto juntos.










Este.



Quando ouço ao domingo à noite na rádio imagino-os em directo, assim, a cantar para casas que se abanam à volta de mesas em salas de cheek to cheek.


Porquê ao domingo?
Ora, porque o Domingo, aqui, é de segredos.



The way you wear your hat
The way you sip your tea
The memory of all that
No, no they cant take that away from me

The way your smile just beams
The way you sing off key
The way you haunt my dreams
No, no they cant take that away from me

We may never, never meet again
On the bumpy road to love
Still Ill always,
always
keep the memory of…

The way you hold your knife
The way we danced till three
The way you changed my life

No, they cant take that away from me.

posted by SCS
agosto 23, 2006

0 bilhetinhos

1976 - 2006

22.8.06


A grandes males cuspimos fogo de grandes remédios.
Cidades atrevidas vincularam-nos à nossa libertação.
Vamos, então, entrar pela história e trazer aquilo que queremos guardar dela.

A pouco menos de um mês de contar Trinta Anos à Minha História, imponho-me espiritualidade. Para assimilação.
Desconheço o mistério que gera isso que repudiamos à vida. Não percebo como algum dia duas partículas de energias se conseguiram teorizar pelo caos e embater na irreversível insensatez de gerar ar. O ar é que me inquieta mais.

Vou procurar a minha História perdida noutras Histórias.
No absoluto da realidade paralela.
Dos mundos separados por fossos de tempo que saltamos a brincar!
Apenas na abstração encontro consciência. Emancipação.


O
vira vento
sossegou os rituais ao velho Índio e desce da Falésia.
A resposta do Sul ancorei ao fundo do Douro. Como segredo de uma linda história que vivi.
Que vivi.

Levanto-me.
Vira Vento a Norte.
Gira tímido. Um tanto inseguro do que está a receber pelas sensações.
Prepara-te para um noite de correrias.
Eu tenho pressa, muita pressa nas minhas respostas.
Temos de perceber claramente o que os Setembros trazem
de paralelo ao Mundo.

posted by SCS
agosto 22, 2006

0 bilhetinhos

Ou não mesmo.

21.8.06



Oh maldito faduncho do TUDO ou NADA.
Corridinho a extremismo.
Maldita seja a metade que se passa pelo meu corpo. Sem passar.
Pode estabelecer uma relação estreita com o conceito budista da impermanência. Seria outro Kafka, no seu melhor.



photopauso
para me estalar
.

posted by SCS
agosto 21, 2006

4 bilhetinhos

Ou então...

20.8.06


Lima com casca.
Cálice de cachaça.
Colher de açúcar amarelo.


Esmagar a lima misturada com o açúcar. Juntar a cachaça. Adicionar gelo picado.

Duas palhinhas curtas.
.

Juntar cinco surpreendentes mulheres.
Embalar Buena Vista Social Club.

E… photopauso.
para esquecer.

posted by SCS
agosto 20, 2006

0 bilhetinhos

Ou não.

19.8.06


.

photopauso

Para pensaR.

posted by SCS
agosto 19, 2006

0 bilhetinhos

Lâmpada de Bolso.

18.8.06


Tenho uma senha de autocarro que avariou uma daquelas máquinas na semana passada.

Como ainda tem viagens tenho de pedir ao Sr. Motorista o favor de a assinar, para se ir gastando.
Percebi hoje, que não a uso de manhã. Pego sempre noutra.



Sofro de uma incapacidade cerebral para articulação de frases, ou pensares.
A manhã serve-se em imobilidade.
De maxilares. De vontades. De dizeres.

E desmistifica-se.

Nada pessoal contra ninguém, afinal.
Apenas um espaço muito próprio de quietude.
Não mexe. Não age.

Shuiiii, sossego contigo.

posted by SCS
agosto 18, 2006

0 bilhetinhos

Mala Postal ao Departamento de Bolsas 'Fotos do Dia' da Fundação Calouste Gulbenkian.

17.8.06



.
Ui.. España...
.
.
Uouuu...
.

.

Xiiii.....

.

Nããããããã....

posted by SCS
agosto 17, 2006

2 bilhetinhos

Ou o Vínculo à Minha Libertação.

16.8.06



Gosto muito da Amélie,
de como ela me sorri.

Gosto da minha fé,
mas quando a amarro no pé.


Gosto de escrever na rua
no autocarro,
no braço,
Eu gosto mesmo é do que faço!

Gosto do que me rio e onde me choro,
onde me escondo e onde me mostro.

Gosto de lenços e pulseiras,
gosto de perder-me em estribeiras.

Gosto de nomes de ruas, números de portas,
de gentes nuas e nunca expostas.

Gosto das minhas mudanças de humor,
dos seres perdidos aos riscos de cor.

Gosto da mulher reflectida,
num Baralho distraída.

Gosto muito de material escolar,
de livros velhos, de me apegar.

Gosto de ser tão menina e tão forte,
gosto mesmo da minha sorte.

Gosto de calças sempre a cair,
e para onde me vejo ir!

Gosto até da minha ausência,
a que me lava a paciência..

Gosto de sair para correr,
de me expurgar, de me lamber.

Gosto de me saber por perto,
tão atenta que me alerto.

Gosto do reflexo na montra que passo,
gosto muito desse laço.

Gosto do meu ar difuso,
dos meus acessos e dos meus recuos.

Gosto imenso do meu arfo,
de me resolver num bom amasso.

Gosto muito dos meus textos,
ou de como não sei desfechos.

Gosto até de rimar,
gosto de me ver num outro ar!

Gosto de crimes e castelos,
gosto desse tipo de elos.

Gosto de me borrifar, perder, de me deixar.
Gosto muito de te ver passar..!

Gosto muito do que espero.
Onde me mordo,
onde me quero.

Gosto de coisas, caixas e colos
e de me guardar
por esses olhos.

Gosto de criancices, correrias e cansaços,
gosto mesmo muito
de me ver noutros braços.

Gosto do ângulo do meu pescoço,
gosto das linhas com que me coso.

Gosto de subir, tremer e escalar,
gosto para onde vou saltar.

Gosto muito do meu tesão,
esse da ponta da minha mão.

Gosto até de partir copos,
para choque nos teus olhos.

Gosto de pensar na Tatuagem,
de como vai marcar a outra margem.

Gosto de vagabundos e artistas de rua,
do vento que viram a esta lua.

Gosto muito da minha Ribeira,
sem ninguém sentado à beira.

Gosto da Cálem de telhados de bico,
Gosto de um corpo em vértice aflito.

Gosto da luz desta ponte a qualquer hora,
gosto de uma carta que se demora.

Gosto do frio que sinto agora,
de me saber no mundo de fora.
.

posted by SCS
agosto 16, 2006

5 bilhetinhos

Splasssh.

.

posted by SCS
agosto 16, 2006

0 bilhetinhos

Aqui é Domingo, de Segredos.

14.8.06


Acordei com o corpo a cobrar-me excessos cometidos de noites que nos vivem até o nascer do dia.
Sublimo.
Não quero saber de gritos alertas, tenho portas incertas.

Atrevo-me.

A minha sobrinha quando tinha quatro anos trouxe-nos para casa uma amiga imaginária.
E era exigente num lugar para a sentar, numa chamada de atenção para andar e no brinquedo para ela levar. Chamava-se Marta. Há qualquer coisa de diferente nas Martas.


Como gosto de teatros e meninices, vesti a fatiota e entrei em cena. Saímos as três para ir brincar. Não houve mão que não lhe desse para atravessar a rua, braço que não esticasse para proteger as duas, lenço que não estendesse para sentar as três.



Tenho pinta nisso dos amigos imaginários.

Tenho-lhes anos de prática!
A Marta foi esquecida com a facilidade que me vejo a sublimar esses outros meus.
Esses outros eu’s. Perfis de abandono.

Foi ao Tabuleiro de Cima que subi?
Nessa coisa de te ver a ti?
Precisava drasticamente de me inverter o foco?
Sei agora com o que me apavoro?

Durante uma semana fiz muitas perguntas a amigos.
Sentei-me com eles a falar dos meus vícios.
Estalo na cara.
Barriga dentro.
Verdade que se demora.
Barriga fora.



Quantas vezes consigo afinal construir e destruir o meu mundo?

Desconheço métodos de contagem. Sei apenas que serão os necessários até identificar onde está o caminho daquilo que mereço para mim. Porque mereço.

A minha sarcástica vida faz, assim e de repente, todo o sentido. E as pontadas, desta vez, chegam aos espasmos.

Hara Kiri.
Ou o vínculo à minha Libertação.
Percebo o corpo a puxar-me. Só gritos.
Foi ali que subi?!
Meço-lhe hoje as distâncias.
Enfrento-me nas minhas infâncias.

É exactamente dali que amanhã vou ter de me atirar,
de me impulsionar,
de me desapaixonar.

posted by SCS
agosto 14, 2006

0 bilhetinhos

mala postal a mariza, fadista.


Pega minha amiga, lenga lenga de Fado.


Vim à Apúlia perceber que o desejo que,

como por feitiço,
deixei ao vento do Mediterrâneo de
Amor, Amoor, Amooor... se concretizou.

Fui convidada a partilhar do amor de tudo o que tenho na vida:
dos gentis estranhos,
dos ansiados abraços,
dos míticos pássaros.

Do que se vê e se colhe.
Por onde se passa,
onde se dorme, aninha, encolhe.

Não há vértice ou verdade
que não se faça de enlace.
Objecto estudado,
ser navegado,
ângulo sacado
que não esteja pulverizado com três ecos de Amor.

Fui preciosista no desejo que pedi à magia.
E ei-lo
Ei-lo por todo o lado de cada espaço,
em cada hora que se demora.
Ei-lo dentro.
Ei-lo cá dentro, raio!

O vento está de mar.
Estou num alto de praia a olhar o reflexo do sol em salitre agitado.

Vejo tudo.
Vejo claramente tudo.
Vejo-te a ti.

E levanto o meu queixo até à linha do horizonte
Eu também sei que estás a caminho
E sei que estás a passar por cima,
rasgar a meio como quem corta a direito
o caminho que te faz até mim.

Sei que és tu quem me grita esta certeza dentro,
conheço de longe o teu aceno.

E não há nevoeiro, nortada ou cargueiro
que me arranque daqui.
Que me arranque esta certeza de ti.


posted by SCS
agosto 14, 2006

0 bilhetinhos

a dois dias do final da Era de Provações. ou das grandes Revelações.

13.8.06



Está um daqueles Sábados que conheço apenas a Agosto. Está Verão.
Os corpos amolecidos,
os braços esquecidos,
os pescoços rendidos.

Mantenho-me fiel à terapia.

Cheguei, entrei e tirei os sapatos como quem vai ao quintal dos amigos para brincar.

Esta minha comunidade tem elementos que parecem roubados ao mundo do fantástico.
Só corajosos. Artistas. Super Heróis de Hamlet a Camelot. Moram por cima deste Rio, mesmo ali, debaixo da Ponte. Não me enganam, conhecem-lhe todos os privilégios. E saem de casa, assim, num Sábado de tarde, para festeja-lo. Vêm brincar.


Assisto combate de tunning. Duas motas.

Peões. Velocidade.
Truques, cavalos e arranques.
Adrenalina. Ou testosterona.
A um nível profissional..
A multidão está entusiasta.
Aplaude, reage em coro num aperto de surpresa e ri com a queda de cada derrotado.
A pista? Mesmo ali, em cima da água.

No outro dia falava com um amigo e chegamos à conclusão que o que nos faltava na cidade era animação de rua. Eu imagino logo um nível circense! Mais amsterdam, firenze ou central park. Mais daquele cassis em final de tarde.

Tenho de lhe contar que me cantaram um tango esta semana.
Nas calçadas portuguesas os códigos de rua são limpos e francos.
É apenas uma questão de coragem. De nível de pernas. De aptidão para andar.
Uns esfregam-nas até brilhar. Outros são, sem sombra de dúvida, funcionários dos S.M.A.S.. Só Artistas! Já não preciso de lá ir para o acreditar!

Hoje de tarde, a artista que aqui existe é aquela que está ali, suspensa na ponte.
Mulher miúda e pequenina. Elegante, muito bonita.
Subiu ao tabuleiro de baixo da ponte.
Por fora.
E está ali há já dez minutos.
Tortura-se em barriga dentro, barriga fora.
Sente-se os pensamentos a mil à hora.
Esqueceu o que perdeu e o que se demora.
Não quer saber do que deu àquele outrora.

Está de resto num espaço de mulher. Só dela.
Encosta-se em ferro ao corpo de Eiffel.
E para respirar fundo, cá dentro e baixinho
estende os braços até aos mastros do Vinho.
Com tempo.
Elegante..
Mede distância. Enfrenta infância.
Marca a chamada num só tempo em pontas de pés.
Impulsiona-se.
Desapaixona-se.
E entrega-se ao Rio. Pelo cabelo. Em vôo liso.

Fica um silêncio constrangedor na Margem do Rio.
Ninguém aqui respira de alívio.

São estes os artistas que conheço às minhas ruas.
E que volto a encontrar pelas calçadas. Não pelas fachadas.
São estes os que não nos viram as costas. Que nos limpam as crostas.
Quem se atreve a saltar. Para o molhar. Para o minar. Para o mudar.

posted by SCS
agosto 13, 2006

0 bilhetinhos

To Play ot Not To Play?

12.8.06


When you try your best but you don’t succeed
When you get what you want but not what you need
When you feel so tired but you can’t sleep
Stuck in reverse

And the tears come streaming down your face
When you lose something you can’t replace
When you love someone but it goes to waste
Could it be worse

And high up above or down below
When you’re too in love to let it go
But if you never try you’ll never know
Just what you’re worth

Tears stream down your face
When you lose something you cannot replace
Tears stream down your face

And I…

(é aqui que levanto voo!!! fantástica esta parte!!!)

Tears stream
down your face

I promise you I will learn from my mistakes

Tears stream
down your face

Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try to fix you.

posted by SCS
agosto 12, 2006

0 bilhetinhos

Aqui só tu tens segredos.

Quando obriguei o meu cérebro a ler-me realidade estava sentada a meio do tabuleiro de cima da Ponte D. Luiz.

Estava com a perspectiva das pernas.
Sempre me pautei por vistas longas e elevadas
e desci-me ao nível das pernas.

Momentaneamente, pareciam mais à minha altura.


Num dia em que estava bloqueada lá com uma passagem da Maria Leonor, o meu orientador disse-me

se estás bloqueada com uma personagem, inverte-lhe o foco!
A Maria Leonor está lá parada de mãos nos rins, à espera.
Ok, isso já sabemos!
E o Pasuca? Onde está o Pasuca? De onde a vê?

Estava com a minha Lua bloqueada por Saturno e decidi inverter-lhe o foco.
A Ribeira vista de cima?
Não ficará mais ao nível das nossas pernas?
De como gostamos de andar?
E lá estava ela.
Suspensa.
Por desamarrar.
Quem escreveu o argumento da minha vida era dotado de um amargo sarcasmo, daqueles que nos prendem a língua ao céu da boca até passarem as pontadas.

Aliás toda eu me sinto a ser pontada por sarcasmo. Viva fruta provação da época.

Percebi ontem, se é que dá para acreditar!, que fujo.
Percebi que viro as costas.
Que abandono.
E abandono tudo a meio. Antes sequer de acontecer.
Género entediada porque nada neste mundo surge na minha vida como eu achava que devia surgir. Género catraia desiludida. Género canalha, egoísta.

Não sei quantas vezes será possível ouvir uma música em repet.
Desconheço métodos de contagem.
Desconheço os caminhos
ou a catarse
que encontro nisto de a pôr,
aqui ao lado,
no repet,
a tocar-me.
But if you don´t try, you’ll never know.

Hoje foi diferente. Decidi passar a minha hora de almoço a perceber que consigo identificar o que sinto.
Caladinha, cá dentro.
Dediquei-me a esse exercício de me calar e ouvir.
E percebi claramente para onde o meu corpo está a ser puxado.
Tenho-lhe falta de prática.
Sempre fugi do que me era anunciado em sensações.
E nem tão pouco sei o que lhe fazer!
Tenho anos de experiência comprovada em fugas.
Sou esquiva.
Escorregadia.
Evito assuntos com arte representativa, fujo a respostas com sábia categoria.
Género profissional, com brio, motivação e entrega.
Ora, a cobardia. Um devastador medo que toma
ventos,
vontades
e vaidades.
Que fica comando, tomando tudo aquilo que, pelos vistos, até consigo sentir. Medo de voltar a sentir um outro corpo desfalecer, por desilusão. Em repet.

Hoje subi à ponte para me sentir do tamanho da minha altura.
Como que em perspectiva.
E sinto-me a apavorar, não minto. Tenho pressa de 14 pés.
Tudo está diferente, sim.
Continuo sem saber por onde vou.
Mas, por uma questão de pernas,
não mais por aqui.

Não há nevoeiro, nortada ou cargueiro
que me arranque daqui.
Quem me arranque esta certeza de ti.

posted by SCS
agosto 12, 2006

2 bilhetinhos

Abri muito a Boca. (In)Crédula.

11.8.06



Uma amiga envolta em relatos de férias, alentejadas a quente e a lento, afirma ‘falamos em ti’.
O resto da história conto-a como me lembro,
ou pelo menos, como a senti.


Pelos vistos em Monsaraz existe um homem que todas as noites lava, se não me engano o termo era esfrega, as calçadas da rua.
As dele.
E as dos outros.

São para mim fascinantes noções de prazer, brio e motivação no trabalho. Dependo delas, de resto, para conseguir trabalhar. O âmbito conceptual do trabalho não permite nunca dissociar-se disso que damos de nós à comunidade onde vivemos.
Em entrega, em brio e em motivação.

E se existe alguém que faz do trabalho, que aposto que é daqueles que não é remunerado, mimar o seu quintal, o dos outros e de quem passa questiono quão pouco cuidamos nós, afinal, do nosso país.


Há coisa de um mês os Lixeiros aqui na terra fizeram greve.


Estavam a ser alvo de corte orçamental porque alguém se lembrou do conceito de horas extraordinárias.

A greve foi justa, segundo soube só deixaram de extraordinar.
Cidade dormitório e de terreno baratucho é um mimo para o empreendimento! A quantidade de prédios que vi levantarem-se, apenas nestes últimos anos, mudou completamente a imagem que tenho de menina dos pinhais e dos caminhos de fruta roubada.

O lixo acumulou.
Nas ruas, nos gatos e nos sapatos.
Apenas pelo conceito extraordinário que faz, vá!, comichão.

Ou eu vivo definitivamente numa realidade paralela, ou existe aqui uma quebra profunda de comunicação.

Temos mesmo de ser extraordinários quando trabalhamos para a nossa comunidade.
Um vez que deixamos a troca directa algures antes de Camelot e que criamos um sistema organizativo, não entra nas minhas mais insistentes buscas explicativas pró-economicistas isso da escravidão.

O meu instinto foi ir a Monsaraz.
Não minto.
Mais do que escrever uma história sobre esse homem acho que preciso de o conhecer.
Para o acreditar.
E para que se transforme em mais uma dessas entidades que vê, em tranquila clarividência, o meu labirinto. Mas de cima.

Nesta minha realidade paralela o salário dele é igual ao meu.

Conhecem Monsaraz?
Conhecem-lhe as calçadas?
São limpas,
todas as noites,
numa dança a um só corpo.
Que se repete,
e renova,
e reinventa
em esquemas mentais de brio e génio
para conferir a esta nossa casita
o ar que tanto gostamos de lhe gabar.

posted by SCS
agosto 11, 2006

0 bilhetinhos